Aplicador: Aracnes
Jogador: Jayme
Personagem: Walter Crowford, britânico, 28 anos, escritor de ficção
Fica aí, um excelente teste
Doze de janeiro de 2015.
Londres, Inglaterra.
Sentado a mesa de sua escrivaninha atarefado com mais um livro para escrever, se via com o prazo curto, mas sua mente não estava focada no livro, várias situações atingiam sua cabeça. Apesar de jovem, já havia se divorciado duas vezes, e em ambos casamentos havia deixado filhos, uma menina de 5 anos do primeiro casamento e um menino de 3 anos no segundo casamento. Por uma íncrivel coincidência do destino ambas as crianças estraram em estado terminal, afligidos por uma rara doença, o tratamento é caro e ele batalhava para conseguir dinheiro. Atualmente mora com sua mãe, já que se viu obrigado a vender sua casa para levantar dinheiro para o tratamento dos filhos.
A luz do pôr do sol entrava pela janela fosca de seu escritório na casa de sua mãe. Ela havia saído, iria aos hospitais visitar seus netos, algo que ele deveria fazer assim que terminasse o trabalho diário, como de rotina nas últimas duas semanas. Pela manhã, ouvia no rádio quando acordou a previsão de neve para o fim da tarde naquele rigoroso inverno. Repousou o lápis sobre a mesa não tendo ideia nenhuma para o rascunho do meio do livro, sua testa latejava, olhou para a foto de seus filhos na escrivaninha quando lembrou de outro fato que havia se esquecido.
Há algum tempo, viu-se envolvido em uma aposta de jogo o qual foi obrigado a pegar um empréstimo com um agiota, um dos mais violentos de Londres, para pagar a dívida. O valor não chegava aos pés do tratamento de seus filhos, mas era uma quantia exorbitante: Vinte mil euros. Ele já havia recebido adiantamento da editora duas vezes nesse pouco período de tempo, não podia mais recorrer a este recurso para saldar a dívida. Um bilhete estava debaixo do laptop, um lembrete que ele mesmo escreveu.
"Agiota, dia 13/01/2015"
Ele ouvia o barulho do engarrafamento penetrar a janela, e sentia o vento gelado do inverno.
Walter Crowford diz:
. - Walter sempre tivera uma mente livre, quando mais jovem não precisava de muito para encontrar satisfação, ideais e pensamentos eram suficientes para fazer com que o rapaz tivesse tudo o que poderia querer, ele era um adolescente quando decidiu se tornar escritor, sempre teve problemas de enfrentar a realidade talvez por isso decidira viver em um mundo de ficção enaltecido em suas próprias historias. Quando escrevia ele se sentia em paz, sempre que se lembrava quando o fazia por mera prazer ele sente uma nostalgia que aquece seu coração, mas os anos que se passaram demonstraram o quão dura a vida poderia ser, a mesma o forçou a transformar seu maior prazer em um mero negocio para sua sobrevivência. Felizmente ao longo de muitos anos o Escritor fora bem sucedido, suas obras satisfaziam o publico alvo e lhe rendiam um pouco mais do que o necessário, no entanto a constante fuga da realidade fez com que Walter muitas vezes caísse nas duras armadilhas do destino ... Ele não estava "bem lá" quando se casou duas vezes e gerou dois filhos, fora tudo feito por impulso talvez os grandes erros de sua vida, ele amava os filhos provavelmente mais do que tudo, mas sentia certa culpa por não ser um pai digno, muitas vezes culpou tal hesitação pela doença de seus filhos, achando que seu egoísmo por não dar a eles a devida importância culminou na vontade divina de tira-los de perto de si. Já faziam alguns anos que Walter não conseguia escrever uma obra digna, a preocupação com os filhos e as dividas criadas ao longo do tempo por causa da doença dos mesmos bloqueou sua criatividade, estava vivendo de acordo com seu trabalho ... Mediocremente. Cada Euro que ele conseguia reunir era dedicado a esperança de que seus filhos fossem salvos, se ele pudesse escolher trocaria sua vida pela deles sem pestanejar, mas Walter era necessário, sem ele suas crianças poderiam não ter nenhum futuro ... Talvez fora essa preocupação que o levou a se arriscar em apostas que levaram a um vicio momentâneo, perdeu dinheiro que não poderia, e fez literalmente um pacto com o diabo para poder alcançar redenção ... Como ele fora tolo e ingênuo. Sentado a sua mesa encarava a resma de folhas a sua frente, sempre buscou escrever a próprio punho antes de digitar seus trabalhos, sempre se sentiu mais a vontade assim, no entanto somente conseguia encara-las por não mais que um minuto, seus olhos sempre se guiavam para o calendário que cruelmente se encontrava ao lado de uma das poucas fotos que reunião ele e seus filhos, vendo a data próxima de um dia que ele simplesmente não fazia ideia de como lidar. Ele tinha uma divida a pagar, divida essa que no momento seria impossível negociar, aquele homem facilmente tomar a sua vida mas por mais dramática que fosse a situação não era o pior que poderia acontecer, a mente fértil de Walter permitia que ele pensasse em diversos cenários, pouco deles com um final feliz, tendo menos de 24 horas ele deveria criar algo, sua mente era sua ferramenta tinha que confiar nela, talvez se agradasse a editora elas poderiam assinar um contrato para aquela obra, e assim ele poderia dar alguma garantia ao agiota ... Era tudo que ele poderia contar.
Diante de sua mesa, ele tinha que tomar alguma atitude. Seu laptop ligado, acusava uma nova mensagem de e-mail, coincidentemente seu celular também vibrava, era uma ligação. Não era aconselhavél deixar o celular ligado em momentos de trabalho, mas por causa de emergência decidiu burlar sua própria ética pessoal de trabalho.
O monitor em tela de descanso do computador, voltava a área de trabalho com a janela aberta em sua caixa de e-mail. A identificação do autor era simplesmente "anônimo", e o assunto "Posso resolver seus problemas financeiros."
No momento que lia, pegava o celular, era sua primeira ex-esposa ligando para ele. O número não era da casa dela, mas sim do hospital o qual sua filha estava internada.
Walter Crowford diz:
. - Estava em total e completo silencio, algo que fazia suas reflexões serem extremamente mais pesadas e profundas, tão focado e absorto em pensamentos chegou a se assustar quando sentiu seu celular vibrar simultaneamente a tela branca do computador substituir a negra do descanso de tela. Por alguns segundos hesitou em atender, pensou nas varias noticias que poderia receber daquela ligação, fosse lá quem estivesse do outro lado da linha, no entanto seus olhos primeiramente foram guiados ao e-mail recebido, e aquela mensagem singela soou mais nefasta que esperançoso quando percebeu que a ligação que recebera vinha do hospital. Imediatamente atendeu a ligação, seus olhos estavam fechados e em sua cabeça sussurrava para que não fosse uma má noticia.
- Walter... - Era a voz triste de sua primeira ex-esposa. - No.. Nossa filha... Nossa filha. - Ouvia-se um som de choro, aquilo o atingiu profundamente.
Várias possibilidades passaram na sua cabeça naquele momento. Ele iria falar, mas ela continuou.
- Ela teve uma hemorragia... - O som do choro era maior. E então ele ouviu o telefone bater contra a mesa de apoio. Em seguida outra pessoa falou ao telefone. Era uma voz masculina, ele a conhecia, era o atual marido de sua primeira esposa.
- Walter, a sua filha, teve uma hemorragia interna, ela foi para a mesa de cirurgia. - Então seu tom de voz abaixou, quase num sussuro. - Os médicos disseram que ela tem poucas chances de sobreviver. - Apesar de frio, notava-se uma tristeza em sua voz.
Walter Crowford diz:
. - Mesmo tendo ficado casado com sua primeira esposa a pouco tempo ele a conhecia como ninguém, bastava uma única palavra para ele ser capaz de discriminar o timbre da sua voz e assim perceber seu estado emocional, ao longo da batalha contra a doença de seus filhos viu cada membro daquela família ser fortemente castigado, tristeza era o que mais poderia ter de característico em suas vozes, mas aquela ligação era diferente.
Walter permaneceu em total silencio, escutou atento cada palavra de Susan, sua ex-mulher era uma pessoa de fibra, provavelmente fora a qualidade que fez com que ele se apaixonasse por ela na época e viesse a tentar construir uma família, e vê-la em tal situação, tão frágil e sensibilizada o abalava ainda mais. Apertou o telefone com força exagerada, tão forte que sem querer apertou algumas teclas e ouviu o barulho do plástico quase trincar, permaneceu em silencio sem conseguir proferir uma única palavra se quer, e tão logo Frederick assumiu a linha o colocando a par da situação.
Perdera as contas de quantas vezes engolira em seco depois de ouvir aquelas palavras, sua princesa estava entre a vida e a morte naquele exato momento, e ele não estava sequer perto dela, soluçou silencioso enquanto uma lagrima corria pelo seu rosto, os olhos marejados quase perderam o foco, mas estavam concentrados demais nas palavras que estavam a sua frente ... - "Posso resolver seus problemas financeiros" - Seu polegar deslizou para a tecla de desligar do celular enquanto a outra mão movia o mouse levando o cursor até o e-mail, e tão logo clicava para poder abri-lo.
"Walter Crowford, eu sei da sua situação atual, eu sei o que se passa em sua vida. Tenho acompanhado de longe dos os pontos ruins que vem o afligindo. E posso lhe oferecer a solução de seus problemas. Com apenas uma ligação posso depositar em sua conta, a quantidade necessária que precisa para o tratamento de seus filhos, tal como se livrar daquele agiota de vez por todas.
O que me diz, aceita minha ajuda? Se a resposta for positiva depositarei de imediato o dinheiro em sua conta. Entraremos em contato depois para ajustar melhor os termos do contrato."
Walter Crowford diz:
. - Observava o cursos oscilar na tela do notebook, isso acontecia porque Walter tremia de forma considerável, repercutindo diretamente naquela tela. Leu a mensagem incontáveis vezes, de fato era suspeita, demais para poder acreditar, no entanto ele estava desesperado. Seja lá quem fosse estava oferecendo algo maravilhoso demais, Walter não se importava se algo acontecesse com ele portanto que sua família estivesse salva, sua mente estava trabalhando autonomicamente e por tal razão respondeu ao e-mail com um simples - "Eu aceito" - Não importava o preço que deveria pagar, ele o faria.
Após responder recebeu uma resposta imediata.
"Transfêrencia sendo efetuada."
Uma barra de carregamento surgiu no alto da tela, aonde se via escrito.
"Transferência de dinheiro em 10%"
"Transferência de dinheiro em 15%"
E assim ia prosseguindo até preencher a barrar, ao final uma mensagem surgiu na janela.
"5 milhões de Euros"
"Trasferência concluída, deseja iniciar o pagamento dos tratamentos e do agiota agora?"
Via dois botões
"Sim" ; "Não"
Era estranho o fato, de nunca ter instalado nenhum programa bancário em seu laptop. A solução para seus problemas havia caído em seu colo, algo que muitos nunca teriam, mas quem seria o seu salvador? Era díficil pensar nessa situação no momento. Tudo que batalhou sem descanso nos últimos dias, não precisaria ser mais feito, poderia até pagar de volta o adiantamento da editora e com saldo, e viver feliz pelos próximos anos sem preocupação com dinheiro, uma felicidade tomava seu coração cheio de dor e tristeza. Era necessário apenas um clique.
Walter Crowford diz:
. - Com escritor Walter aprendera a viver de sonhos e usar de faz de conta uma forma de alento para suas preocupações, observava sua resposta trazer uma nova mensagem, um padrão estranho anunciando que o dinheiro estava sendo transferido para sua conta, ao final mal pode acreditar que 5 milhões foram creditados, algo que ia muito alem de qualquer ficção dentro do mundo real. Dentro daquelas circunstância Walter tinha uma unica certeza, ele de alguma forma teria que pagar por aquilo ... Se sentia estranho, estranho de um modo conformado, mesmo vendo aquele expressivo valor ele não conseguiu se seduzir com tudo que poderia usufruir se ele fosse realmente verdadeiro, ele só queria que seus filhos fossem salvos e que eles pudessem viver de forma plena, não importanto o preço que ele deveria pagar, não importando se ele tivesse que vender a sua alma mais uma vez.
" Sim "
Clicou no botão, e logo via a mensagem.
"Pagamentos efeitos com exito."
Dez minutos depois, repleto de felicidade interna, ele ouviu alguém bater na porta de seu escritório que ficava no segundo andar da casa de sua mãe. Ela não estava em casa e demoraria a voltar. Seu laptop voltou a tela de descanso e seu celular apitou, anunciando que a bateria estava quse no fim.
Walter Crowford diz:
. - Ao final de tudo teve alguns minutos para realmente acreditar que tudo fora resolvido, por um momento esqueceu o quão estranho tudo aquilo se configurava, mas logo ele pode retornar a realidade, de forma assustadora. As suas costas pode ouvir batidas a porta, alguém adentrara a casa, ele não sabia como, mas podia imaginar o porque. - "Então é isso ?!" - Ainda frente ao computador levou alguns poucos minutos para deixar uma mensagem para ambas as ex-esposas as deixando a par do dinheiro que eventualmente teriam a disposição para cuidar de seus filhos, mas sem dar maiores detalhes, e logo abaixou a tela do notebook e caminhou lentamente até a porta, levando a mão a maçaneta e ficando estático por alguns segundos, ele reunia em seu peito um misto de medo e dever cumprido, e ainda assim girou pronto para receber quem estivesse do outro lado.
Ouvia o trinco abrindo, e o ranger do metal enferrujado que sustentava a porta. Deparou-se com a figura de um homem alto, negro e careca. Seus olhos eram verdes, estava trajando um terno extretamente caro. Ele abria um pequeno sorriso, no bolso do terno via-se a tampa de uma caneta, em sua mão esquerda ele carregava uma maleta roxa.
- Falo em nome de meu amo, ele me enviou para que resolvessemos as clausulas do contrato, poderia ser aqui mesmo no seu escritório? - A voz do homem era calma e notava-se um semblante de honestidade em seu rosto.
Walter Crowford diz:
. - Mesmo a situação não demandando, o escritor agia como se fosse um dos advogados da editora o visitando para assinar um contrato. Com um aceno de cabeça ele sinalizou que sim permitindo a entrada daquele homem, após o mesmo passar fechou a porta atrás dele e o acompanhou para que o mesmo pudesse ficar a vontade. O encarou varias vezes sem nunca desviar o olhar, Walter sentia que havia se entregado a algo grande demais, mas ainda assim se sentia determinado a ir até o final daquilo, ele optou por manter o silencio até o momento certo de fazer suas indagações.
- Muito bem. - O homem sentou na cadeira em frente a escrivaninha, apoiou a maleta nos joelho abrindo as travas, sentia-se um forte cheiro de enxofre vir de dentro da maleta e do homem. De lá ele puxou uma pilha de papéis encarnada. A capa era preta, e via-se escrito em vermelho. "Contrato", algumas partes da letra escorriam parecendo sangue.
Ele colocava o caderno em cima da mesa e fechava a maleta, colocou-a no lado direito ao chão e pegou o caderno folheando as páginas. Manteve-se em silêncio por vários minutos, até que então parou em uma página deslizando o dedo. Sua voz ecoava.
- Walter Crowford, britânico, 28 anos, um escritor promissor porém cheio de dívidas recorre a uma oferta repentina aceitando o dinheiro e finalmente o contrato. A vida de seus filhos fora salva, sua vida fora salva, o Agiota o mataria no dia seguinte. Pode usufruir do dinheiro por vários anos até que ele se esgote sem se preocupar com gastos. - Ele fez uma pausa fitando o escritor nos olhos. - As informações conferem, estou correto? - Ele não aguardou resposta e continou a ler.
- O contratante através destes termos se compromete a efetuar o pagamento desta dívida daqui a 20 anos ou na sua morte o que vier antes. O contratado, Mephisto, se compromete a não cobrar a dívida antes do prazo estabelecido, porém. - O homem levantou o dedo. - Se ele ferir a claúsula principal de nunca revelar o seu contrate, o contrato poderá ser rompido e a dívida cobra imediatamente. Alguma dúvida?
Walter Crowford diz:
. - Os longos anos como escritor permitiu que ele não só escrevesse, como também lesse incontáveis obras, não todas fictícias, mas de assuntos diversos, era um processo que o ajudava a criar. Logo aquela situação fazia sua mente fervilhar dos mais loucos devaneios e possibilidades, a visão do contrato buscava por detalhes, detalhes esses que assustariam até mesmo o mais corajoso dos homens, seu olfato discriminou o odor de enxofre que permitiu que ele começasse a considerar que havia mesmo vendido sua alma ao demônio. O aparente "advogado" continuava com as especificações do contrato enquanto Walter continuava encolhido em um sofá de um lugar que decorava seu escritório, a menção do nome Mefisto ocasionou tal reação ... Mefistófeles o personagem satânico da Idade Média, conhecida como uma das encarnações do mal, aliado de Lúcifer e Lucius na captura de almas inocentes através da sedução e encanto através de roubos de corpos humanos atraentes. Mas é um dos demônios mais cruéis e em muitas culturas também se toma como sinônimo do próprio Diabo. Walter se encontrava interpretando o mesmo papel em que Fausto se colocou onde fi tão bem esclarecido pelo escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe, com a diferença de que Walter foi levado aquele contrato por motivos bem mais altruístas. O escritor apenas suspirou conformado, mas ainda assim possuía algumas duvidas. - - Algumas ...
- - O contrato se aplica exclusivamente a mim ... Ninguém próximo a mim pode ter seu destino afetado pelos termos descritos nele ?!
- Boa pergunta. Ninguém será ferido ou destino alterado, por que fez o contrato, ele é exclusivo seu, mas caso rompa a claúsula principal, nada impedirá que meu amo tome outras providências plausiveis. - O homem sorria, voltando o dedo para o caderno.
- Caso o contratado desrespeite a claúsula de ameaçar o contratante, ele se reserva ao direito de cobrir a despesa dele, pelo resto de sua vida pondo fim aos termos do contrato anterior. - Ele sorria, por um momento parecia estar gostando do que estava por vir. - Mas, como um dos termos firmados, cabe ao contratante se isolar de sua familia, para evitar o contato. Usufrua de sua vida, longe de sua família e nada lhe afetará. Ou usufrua junto com sua família, e ao menor deslize todos poderão pagar pelo contrato feito.
Walter Crowford diz:
. - Provavelmente aquele "conselho" era somente um dos que deveriam ser a contraparte dos benefícios gerados pelo contrato, estava certo de que haveria mais. Se levantou e caminhou até sua mesa, pegando seu celular e o colocando para carregar enquanto continuava a discussão de alguns termos. - - Quando eu aceitei esse contrato eu me dispus a abrir mão de tudo belo bem do meu único bem ... - Nunca na sua vida se mostrara tão convicto e certo de seu desejo e suas escolhas, talvez ele viveu toda ela para aquele momento, e se de fato fosse isso ele encararia de cabeça erguida. - - Quando os 20 anos que eu tenho chegarem ao fim, o que acontece ?! - Walter de certo modo já sabia a resposta para aquela pergunta, mas deseja ouvir diretamente daquele homem, sabia que suas palavras seriam a representação de Mefisto.
- Ao fim dos vinte anos, meu amo virá encontrá-lo pessoalmente, não importa aonde esteja. Durante esse periodo ele estara disposto a dar-lhe mais beneficios caso deseje. Enquanto ao que acontece ao fim vinte anos, ele se reservou o direito de nunca revelar a ninguém, nem a mim, o seu fiel súdito. - O semblante abaixou por um momento, olhando o caderno. E estendeu o mesmo em direção ao jovem escritor. - Você terá sucesso em sua vida como escritor, isso posso lhe garantir, queira assinar sim? - Ele pegou a caneta em seu bolso, estendendo a Walter. - Assine na linha pontilhada ao final do contrato.
Walter Crowford diz:
. - Walter se manteve de pé olhando para a linha onde iria conter sua assinatura, ficou a encarando por quase um minuto, imaginando o que suas ações o levariam, mas ainda não a assinou. - - Entendo que seu senhor deseja a minha assinatura o quanto antes, mas eu gostaria de refletir sobre um ultimo aspecto ... - As ultimas palavras daquele "súdito" iam e vinham a sua cabeça varias vezes, Walter não tinha muito a perder então se mostrou decidido a arriscar. - - Você disse que talvez seu senhor pudesse estar disposto a me conferir novos benefícios ... Eu me presto a pagar o que for necessário referente exclusivamente a mim para que ele me conceda um beneficio imediato ... - Virando o rosto encarou a imagem de suas filhas tendo a certeza que nada importava senão a vida delas. - - Dinheiro nenhum pode garantir a vida das minhas filhas, como você já deixou claro tudo que acontece você e seu senhor estão cientes ... Então se possível gostaria de pedir que elas fossem salvas, não importando o preço que eu tenha que pagar ... Me garanta isso que terá minha assinatura, abro mão de qualquer outro beneficio se necessário.
- Ora, ora, ora. - O homem, esfregou a mão pelo queixo. - Se o dinheiro não é necessário para salvar a vida delas, você quer um sucesso de 100%, muito bem. - Ele fitou o escritor, e com a mão livre estalou os dedos. Ele via as letras do contrato se moverem, algumas desapareciam outras apareciam e algumas folhas as mais eram ganha. - Uma alma altruísta, que fará de tudo para salvar suas filhas, é raro encontrar isso na humanidade. - Soltou uma breve gargalhada.
O um parágrafo era acrescentado, que ele lia claramente.
"A vida de filho e filha do escritor Walter Crowford serão salvas, de toda e qualquer enfermidade que encontrem ao longo de seu caminho, morrendo apenas por morte natural ou em terrível caso da vida delas serem tiradas brutalmente."
- Ninguém pode prever o futuro escritor, ninguém. - O homem ainda estava com o sorriso no rosto.
Walter Crowford diz:
- - Cabe a nos viver plenamente para que o futuro seja proveitoso ... Mesmo com 28 anos eu já pude ter minha maior realização ... Não tenho nenhum arrependimento. - Walter ergueu uma das mãos na direção do advogado tomando em mãos a caneta, e desta vez não encarou o contrato por muito tempo, apenas se focou na linha pontilhada. Ele como escritor havia escrito muito em sua vida, provavelmente mais do que muitas pessoas, cada traço, cada volta feita para criar letras e palavras eram feitas como uma forma de arte, sua maior paixão alem de suas filhas. Ele assinara seu próprio nome muitas vezes, mas aquela seria uma assinatura que ele jamais iria esquecer ... Uma assinatura por duas vidas ... Realmente sem arrependimentos.
- Ótimo. - Disse o homem recolhendo o contrato, apoiando sobre o joelho. Sua mão livre, estalara os dedos. - Deixei uma cópia em sua estante, depois é só procurá-la. Estamos muito satisfeitos por fechar o contrato. - O homem recolhia a maleta ao lado, e a abria guardando o caderno, travou as maletas e se levantou estendendo uma das mãos. - Pode ficar com a caneta, apenas quero apertar as mãos. Aproveite seus vinte anos.
Walter Crowford diz:
. - Estendeu a mão em um cumprimento solene, sabendo que estava literalmente apertando a mão do próprio diabo. Aqueles 20 anos poderiam ser somente 20 dias, se a vida de seus filhos fosse realmente salva e ele pudesse contemplar que eles estavam vivos e saudáveis ele poderia pagar o que fosse que o faria com um sorriso no rosto, mas se ele de fato teria 20 anos pela frente garantiria que o contrato fosse mantido, mesmo se tivesse que se afastar, um pequeno preço a pagar pelo presente que lhe fora dado. - - Eu sei que não deve ser algo comum, mas ... Agradeça seu mestre por mim, mesmo ele sendo quem é e fazendo o que faz eu lhe sou grato, ainda que eu tenha que pagar o preço !!
- Manderei seus cumprimentos. - O homem recolhia a mão virando as costas. - É melhor providenciar o término de seu livro, meu amo é fã de suas obras, mesmo aquelas que não tiveram muita repercusão. - O homem ao chegar na porta se desfazia em uma nuvem negra, que logo se dissipava. Ficava um cheiro de enxofre no ar.
Walter Crowford diz:
. - Viu seu escritório ser preenchido por aquela nuvem fétida, o servo se despediu sem antes revelar que Walter possuía um fã incomum, fato que arrancou um sorriso misto de orgulho e temor. Ele ficou ali estático refletindo o que seria da sua vida dali em diante, e se viu surpreendido por um surto inspirativo, as ideias começavam a transbordar de sua cabeça, um montante que permitia que ele escrevesse talvez uma nova serie de obras. Questionou se aquele surto fosse obra de Mefisto como o que fora dito, se a experiência traumática fora responsável pelo desbloqueio ou se o desaparecimento das preocupações desbloquearam sua criatividade ... No entanto por mais ideias que tivesse ele teria que se certificar de algo, correu para a escrivaninha pegando seu celular que deveria ter recarregado um pouco, e as chaves do carro decidido a ir até o hospital onde seus filhos o aguardavam e sua filha lutava por sua vida.
Os seus filhos foram salvos. Livros foram publicados, adquiriu fama, porém ao custo de se afastar de sua família. Foram vinte anos o qual não casou novamente. Sempre enviou dinheiro a sua família mesmo distante.
Doze de janeiro de 2035.
A tecnologia chegava ao seu auge, sonhos de ficção antes descritos em livros da história se tornavam realidade. Teorias levantadas permitiram a cura do cancêr, era um momento glória ao mundo. As florestas foram salvas. Mas ninguém sabia o por que de tamanho salto.
Sentado em uma cadeira, a beira de um lago azul, ele estava sozinho lendo a última carta de seus filhos, agradecendo por tudo o que ele tinha feito por elas no passado. E anunciando que iria visitá-lo em breve. O vento do verão dos países tropicais, batia em sua nuca. Seu devaneio findava com o cheiro de enxofre vindo por de trás dele, ele sabia do que se tratava. Era Mephistos que vinha cobrar a dívida.
Walter Crowford diz:
. - Por longos 20 anos ele tentou imaginar aquele encontro de diversas maneiras possíveis, alguns de seus livros possuíam passagens icônicas que retratavam subliminarmente aquele momento, mas por mais que sua mente fosse criativa era impossível criar trechos que pudessem refletir a realidade, o tempo que passou fez com que Walter somente desejasse uma única coisa de um ponto de vista profissional ... Criar sua Biografia. Mas aquela seria uma obra que jamais seria criada ou revelada, ele devia isso a Mefistófeles, fazia parte de seu contrato. ainda assim mesmo se tal obra fosse publicada passaria a imagem de ser mais uma ficção, mesmo sendo intitulada uma obra biográfica. Apesar de tudo ele estava em paz, o contrato fora cumprido, chegara a hora de cumprir com a sua parte, seus sentidos sinalizavam a chegada de seu bem feitor, Walter apenas sorriu com sua chegada enquanto encarava o lago mais uma vez. - - Curiosamente eu imaginei esse momento incontáveis vezes, mas diferente das ideias que tive para minhas obras jamais consegui sonhar ... Até que a premissa não é de todo mal, bom cenário, boa dramatização ... Bons personagens!! - De forma lenta virou o próprio rosto lateralmente buscando vislumbrar a imagem de Mefisto.
- Sim, ótimos personagens. - A voz soara suave. E ele deparava-se pela primeira e última vez com a imagem de seu "bem-feitor" ao longo dos anos.
Tratava-se da figura de um homem branco, de estatura mediana, vestindo-se como um inglês da época da revolução industrial. Seus olhos o diferenciavam de todo resto, tinha olhos totalmente vermelho. Levou a mão direita ao bolso tirando um relógio antigo conferindo a hora. E com a outra mão se apoiava em uma bengala. Guardou o relógio após alguns instantes.
- Vamos lá. - Ele demonstrava a frieza nos olhos. Estendendo a mão direita, como um pai dá a mão a uma criança.
Walter Crowford diz:
- - Algo me dizia que você viria hoje, então eu tomei a liberdade de fazer algo por você ... - Walter levou umas das mãos ao seu lado direito do banco onde estava sentado pegando um belo livro com uma capa vistosa e paginas com conteúdo escrito a mão e aparentemente a tinta e pena como nos períodos medievais. - - Essa é a única obra que fiz que não foi publicada, criei usando velhos hábitos ... A 20 anos atrás seu servo me disse que você era admirador das minhas obras, então tomei a liberdade de criar esta exclusivamente como forma de agradecimento ... Inclusive fiz uma dedicatória especial na contracapa, espero que goste !! - Walter se levantou erguendo o livro para aquele homem de aparência altiva e imponente, quase assustadora.
- Muito obrigado, Walter, lerei pessoalmente. - Ele demonstrava um breve sorriso. Pegou o livro com a mão direita colocando debaixo do braço esquerdo e assim os dois se desfizeram em uma nuvem de enxofre.
Findava ali a vida de Walter Crowford, escritor renomado da nova era. Querendo ou não, suas obras influenciaram o mundo por vários e vários séculos.
The end
Avaliador - Aracnes
ResponderExcluirInterpretação - 25/25
Criatividade - 25/25
Iniciativa - 20/20
Bom senso - 15/15
Atenção - 14/15
Total - 99/100
Não há o que observar neste teste, foi perfeito em praticamente em todos os testes, só perdeu 1 ponto de atenção, por um momento da narrativa, dizer "suas duas filhas", quando eram filhos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAvaliador - Beckyarth Hallgernyn
ResponderExcluirInterpretação - 25/25
Criatividade - 23/25
Iniciativa - 19/20
Atenção - 13/15
Bom senso - 15/15
Resultado total - 95/100
Esplêndido, Realmente.
Alguns diriam " Ahh, mais o personagem não sobreviveu, sua nota deve cair. " Não penso assim, tudo têm um motivo, se manteve no seu objetivo até o fim, e fez com que a história de um simples contrato, passasse de algo Banal e sem Sal, para um tipo de enterimento que fixa as pessoas nas cadeiras para lerem. Realmente parabéns. Só Descontei um pouco, pela sua aparência, a qual esqueceste. Se bem que quase todos esquecem.
Até Fernando pelo jeito. Hahahaha
Avaliador - Fewën Mithrandir
ResponderExcluirInterpretação - 25/25
Criatividade - 22/25
Iniciativa - 18/20
Atenção - 13/15
Bom senso - 15/15
Resultado total - 93/100
Eu vim com uma enorme expectativa e acabei meio desapontado com o final. Pensei que conseguiria bolar um jeito de vencer Mephisto, mas fora isso, erros mínimos que escapam até aos olhos mais apurados, como Becky lembrou da aparência, se bem que quando se induzem a criar um personagem na mente de quem lê, eu julgo desnecessário o jogador descrever. No mais, seguiu o fio de forma quase perfeita, sendo surpreendente na forma que decorreu á avaliação. Parabéns!
Mil perdões pelo atraso, mas haja tempo com tanto trabalho escolar
ResponderExcluirINterpretação - 25/25 (meus parabéns, atingiu a nota máxima no quesito)
Criatividade - 20/25 (ótimo)
Iniciativa - 19/20 (Muito bom)
Atenção - 12/15 (Mantenha o foco)
Bom Senso - 14/15 (Muito bom)
Total - 90/100